sábado, 14 de noviembre de 2009

HÁ MIRADAS QUE MATAM


Sou um Ser Humano, que sempre desde miúdo, gostei de olhar para tras para poder entender onde estava, e tomar decisões nas direcções a tomar.Ainda hoje sou assim,daí que os mapas e a orientação são o meu forte e utilizo esse dom que tenho, na vida real.Olho o passado,analizo o presente, e tomo as decisões para o futuro.Mas também fascina-me olhar o passado , e relembrar os bons e maus momentos com nostalgia, e é curioso que os maus momentos se transformão em bons momentos. Hoje justamente e agora está-me a suceder isso.
Deveria ser Agosto talvez, pois estava trajeado com uma Balalaica cor creme, mas de calção curto e meias altas,(deveria de estar ridículo) e havia-me acercado ao Aeroporto de Sebha,a esperar compatriotas meus, que vinham de Tripolis,recém chegados de Portugal e com destino ali.
Encontrava-me no bar do Aeroporto, que era uma amplia sala, com 6 ou 7 mesas situado á esquerda da entrada principal e que dava acesso á sala de espera.O balcão ficava de frente á entrada, e aí estava eu encostado a tomar o meu “Kahua arabía”,um café Árabe, fumando um cigarro da Marca “Atlass”, que eram os cigarros que fumava mais parecidos aos Europeus tipo Virginia.
Olhava ao redor e ía apreciando e analizando o que via, fazendo as minhas conjecturas, algo que sempre fiz e faço hoje em dia, tentando sempre encontrar uma situação fora do normal, para depois poder utilizar como tema de conversa, nas tertulias que fazia e faço com os meus amigos.
Havia na sala, além do empregado que estava por detrás do balcão, grupos de pessoas, algumas do Chad, que esperavam o vôo que vinha de Djamena, outras Libias, e alguns Sudaneses,chegando a esta conclusão pelas vestes que tinham cada um, pois se reconheciam e diferenciavam perfeitamente.Havia também uma mulher de origem Caucásico de vestido largo, por debaixo dos joelhos e cabeça coberta com um lenço, sentada numa mesa.
A um determinado momento ela levantou-se, aproximou-se do balcão tinha uns olhos azuis intensos e rasgos faciais perfeitos, e pediu uma Mirinda,que é o mesmo que uma Fanta,dando-me conta que era de um País do Leste, pela pronuncia do Árabe que ela exibiu, ao pedir a bebida, enguanto me deitava pequenas e furtivas olhadas.Pegou na bebida e retirando-se para a mesa que ocupava, sentando-se deliberadamente de frente a mim.Agradou-me as suas pequenas, e rápidas olhadelas, e o seu conjunto físico, e vendo que ela se sentava de frente a mim, não pude evitar de contemplar e retribuir aquelas escorrediças olhadas azuis turquesa,não dando atenção ao que se passava ao meu redor perdendo por completo o meu instinto de observador em posição de defesa e brotando de mim o instinto de depredador, movido pela luxúria despertando-me a líbido adormecida, pelas leis a que me sobmetia ao estar num País de maioria Islâmica.Quando de repente sinto uma mão forte, sobre o ombro, girando-me como uma marioneta, dando-me tempo para ter consciencia do que me estava a acontecer, porque vejo uma boina vermelha de uniforme caqui, e uns olhos de ódio que sobressaíam entre a boina e o uniforme,e de seguida um empurrão que me leva ao chão, e um tremendo pontapé no ombro,enquanto rugia "KELAB MASSIHE","Cão Cristão" .Não senti dor, só senti raiva, mas dada a situação em que me encontrava só tinha todas de perder.
A minha reacção naquele momento foi de levantar-me e começar a correr para a porta de saída do bar,com um sentimento surdo de vergonha e raiva, conseguindo o meu intento,quando me percato que no átio principal, grupos de Árabes saídos do nada como cogumelos e gritando,tentando interceder a minha trajectória.Conseguindo evitá-los alcançei a porta principal do Aeroporto, dirijindo-me ao parque de estacionamento, em direcção ao meu carro,conseguindo assim um momento de segurança que havia perdido á escassos segundos.
Ofegando, já dentro do carro, olhei para a entrada principal do edifício, e noto uma calma aparente, pois não vía nem perseguidores, nem carrascos, e pensei, “isto não foi real,foi um pesadelo”.
Com o coração palpitando não era capaz de por o motor do carro a funcionar.
Conseguindo acalmar-me dirigi-me ao Campo onde contei o sucedido, recusando-me a voltar outra vez ao Aeroporto.
Mais tarde em companhia dos meus amigos, em tertúlia,cheguámos á conclusão, de que “HÁ MIRADAS QUE MATAM”

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