martes, 13 de octubre de 2009

SOU COMO SOU,E QUEM ME QUER,ME QUER ASSIM COMO SOU


Não sou anti-social, considero-me uma pessoa bastante sociavel.
Só que ainda tenho Liberdade e Vontade própria para sê-lo com quem quero

lunes, 5 de octubre de 2009

AS PROMESSAS SE CUMPREM


Era Abril de 1981 á volta das 21 horas recém chegado ao aeroporto de Sebha capital da Provincia de Fézan na Líbia, e lembro-me das primeiras caras que vi no aeroporto a sorrirem-me,parecia saído de um livro de Corto Maltese.
Em Árabe disse-me que se chamava Mohamed Hassan,e era Sudanês.Era afable,magro,cabelo desfrizado e todo desalinhado,como se acabara de levantar da cama e tinha umas cicatrizes na cara que mais tarde me explicou serem feitas pela sua tribo quando atingiu a purberdade.
Ele trabalhava para a empresa Libia como condutor do campo,era o que levava o Intendente do Campo e Refeitório ás compras,fazia o transporte de trabalhadores entre o aeroporto e o campo quando havia traslados a Portugal ou Tripoli por férias ou trabalho, e vivia a 400 metros do campo Numa casa típica árabe com mais 8 sudaneses todos eles empregados na mesma empresa.
Desde o inicio, eu e ele nos tornámos amigos.Ao pequeño almoço se sentava ao meu lado,ao almoço se sentava ao meu lado,excepto ao jantar,que o contracto de trabalho nao contemplava o seu consumo no refeitório do campo,então muitas vezes ele e os seus amigos convidavam-me a jantar com eles,o que aceitava de bom agrado,porque depois do tomávamos um café ou chá á volta de uma fogueira e eles faziam-me perguntas sobre a Europa e eu sobre o Sudão.Eram veladas muito bonitas que agora recordando sinto uma grande nostalgia.
Nos passeios que fazia ele era sempre o meu condutor e a minha sombra.Tinha uma grande virtude,quando me via a ler algo,preguntaba-me sempre “sobre o que lia”,é claro que enguanto nao lhe explicasse ele nao sossegaba, e ele por portas e travessas, dias ou semanas depois dava-me a noticia que havia localizado o que procurava,e lá íamos nós de viajem a contecer esses fascinantes lugares para mim, que num determinado momento,tinha lido num romance,ou um artigo na Paris Match,e em que a curiosidade de um simples chofer com a educaçao básica que lhe puderam proporcionar os pais, numa África de 1970,(pois ele tinha a minha idade), haviam dado os seus frutos.
Tal como dizia era a minha sombra,porque quando havia o minimo indicio de haver problemas comigo e com algum autóctone,que por o simples motivo de ter uma camera fotografica ou estar a olhar para onde nao deveria, ele dava a cara por mim e sacava-me rápidamente dali.
As noites que passámos no deserto a dormir ao lado do land rover acompanhados de uma fogueira,onde ele confeccionava o jantar e eu o pequeno almoço,sao recordaçoes que me acompanham todos os dias desde 1984 e que jamais me esquecerei.Como nao me esquecerei a vez que nos apanhou uma tempestade de areia entre Brak e Sebha,quando voltávamos de um trabalho e dormimos toda a noite no Land Rover,ou quando tentámos atravessar a fronteira do Chad para passar á Nigéria para ir aos Montes Tibesti, ele levou um susto dos militares Libios, e eu uma bronca do meu chefe Libio,Mohamed Mabrouk.
A recordação que tenho dele foi quando me vim de vez para Portugal,e no Aeroporto de Tripoli me perguntou se me lembraria sempre dele e dos amigos e eu respondi-lhe que sim que me lembraria sempre deles.
A verdade é que cumpri com a minha promessa,nao passou nenhum dia durante estes 25 anos em que nao tivesse aflorado nos meus pensamentos os nomes de Hassan,Hassan Kjeir,Hassan bambino, Mohamed Fadelmoula, Ahmoud,Kalifa,Mohamed Hassan,Noman,Taib,Mohamed trombinhas,Kalifa Mecauaji,Abdalah,pois graças a eles sou quem sou hoje,pois a mim aportaram-me muito ao me terem facilitado e ajudado na aprendizajem de uma Lingua que me abriu muitas portas nao so na Libia como tambem em Europa.
Quando digo Europa refiro-me a Portugal,pois quando estive a trabalhar em Lisboa no ano 2001/2002 aos negros que nao falavam Português nas obras,que eram de Nigéria,Gana,Mali e eram muçulmanos vinham como meus ajudantes pela simples razao de que nos podíamos comunicar em Árabe.
Sim HASSAN PENSO TODOS DIAS EM VOCÊS E OBRIGADO PELOS BONS E MAUS MOMENTOS QUE PASSÁMOS E POR TE TER TIDO COMO AMIGO.