jueves, 12 de noviembre de 2009

SHUFTA KEIF??


Quantas vezes me teem dito que o tempo não voltava atrás.Não é verdade, pode-se sentir a sua presença e os seus odores, a maior parte das vezes involuntáriamente.
Há dias que sinto esse PASSADO,e quase que o posso abraçar.Agora por exemplo estou a sentir e abraçar-lo, para que não se desvaneça no meu espírito.
Era Maio de 1981,recén chegado á Líbia, capital, Trípolis ignorando o destino que me esperava.
Encontrava-me num Campo Português embevecido pelos odores que emanava aquela manha, recordando-me um passado recente, em que podia sentir cada esquina e cada rua da cidade em que havia passado a maior parte da minha vida e parecia-me ouvir as gargalhadas dos meus amigos, enquanto fazíamos das nossas e aí estava eu sentado sózinho debaixo de uma árvore que estava situada na entrada do Campo,mesmo em frente aos escritorios da empresa, a observar um camaleão (coisa que nao fazia á muito tempo). Ao meu lado havia três individuos negros e enquanto observava o camaleão, prestava atenção á conversa,quanto mais nao fosse á fonética,porque a única lingua que sabia,era o Português e o Inglês.Dei-me me conta que um deles, um sr de uns 40 anos (confirmou mais tarde que tinha 43 anos), quando finalizava uma frase dizia sempre algo como "shufta keif?",mas era sempre,e durante as 3 horas que estive ali sentado até ás 12h da manha.
Eu conhecendo-me como me conheço a uma determinada altura nao me pude conter,e pergunto-lhes se falavam Inglês,e a resposta é rápida e concisa,nao falavam Inglês.Fiquei decepcionado,e dou me conta que o Português e o Inglês não me serviriam de nada ali para aquele tipo de situações,e como estávamos na hora do almoço dirijime ao refeitório do Campo.Depois de comer voltei á árvore e vejo que se aproximavam um grupo de negros de numero mais elevado que o da manha,mas que tambem o integravam os mesmos que haviam estado sentados ao meu lado, e um deles um rapaz da minha idade,aproximou-se e perguntou-me em Inglês se necessitava de algo,o qual respondi que só queria satisfazer a minha curiosidade,explicando-lhe que eu também era Africano de nascimento e entablando conversação com o meu interlocutor que me servia de tradutor, foi apresentando os seus companheiros incluindo o "shufta keif", se não me recordo mal eles deveriam ser uns oito dos quais só um falava um idioma por mim conhecido,os outros sete só falavam Árabe.
Um deles o "shufta keif",disse então ao meu interlocutor, se eu queria aprender Árabe que me poderia ajudar,o qual assenti afirmativamente, nos dias que eu estivesse em Tripolis, digo Tripolis porque é o nome verdadeiro da Capital Líbia e para não confundir com Tripoli, que é uma cidade do Líbano.
Naquela tarde ja o meu novo e improvisado Professor de Árabe começou a dar-me lições, chamava-se Abdalla e tinha combatido na guerrilha ao lado do ex-presidente Nímeiri. As lições se basavam no quotidiano, como utensilios, saudações, determinados verbos, como pedir, dar, olhar, o normal.Durante os cinco dias que estive no Campo de manhã e de tarde encontrava-me com Abdalla e ele pacientemente dava respostas ás minhas perguntas e dúvidas.

Foi quando descobri o significado de "sufta keif", SHUF é o imperativo do verbo SHAFA que significa VER , e o sufixo TA é o que dá a forma ao Preterito Passado do verbo na segunda pessoa VISTE, e KEIF é o Comparativo COMO, ou seja SHUFTA KEIF significa "TU VISTE COMO?", o que para nós seria o mesmo como um PÁ, ou ESTÁS A VER, no final de cada frase.

Muito se aprende nesta Vida, SHUFTA KEIF???

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